Com valorização de 137% somente no mês de outubro e de 1.600% nos últimos dois anos, a bitcoin passou a chamar a atenção de investidores no mundo todo. No entanto, sem uma regulação clara e sob ameaças de sofrer proibições em alguns países, o investimento nas moedas digitais precisa ser analisado com bastante atenção e cautela.
Atualmente, o custo de uma bitcoin está em US$ 5.644 ou R$ 18.559.
Criada em 2008 pelo japonês Satoshi Nakamoto, a moeda é na verdade um software de código aberto que regula transações monetárias entre três partes: um comprador, um vendedor e uma espécie de intermediador, chamado de blockchain.
Essa estrutura acaba sendo complexa porque não existe expediente bancário e nem limite de operações a cada dia. Os registros contábeis são feitos por ‘voluntários’, que acabam recebendo bitcoins como pagamentos por publicações sobre os valores movimentados a cada hora.
Por sua vez, a bitcoin possui um sistema de criptografia que, pelo menos em tese, garante a segurança das transações e possíveis roubos de valores.
Na prática, ao investir um bitcoin, o comprador fica com uma carteira virtual, que armazena os valores adquiridos. Para proteção, o cliente também cria uma assinatura digital, que deve garantir a segurança das transações.
Em um terceiro momento, todos os usuários que fazem parte da rede bitcoin autenticam o conjunto de operações, a já referida blockchain.
Expansão e riscos
O crescimento da moeda virtual tem sido muito forte nos últimos anos e seu valor de mercado chegou a US$ 72 bilhões, se aproximando de marcas como AT&T e Microsoft.
Por outro lado, como é um sistema monetário sem lastro, caso ocorra uma fuga de capitais, restaria alguma incerteza sobre as garantias dadas aos investidores.
Os primeiros sinais de que esse risco é maior do que parece foram as movimentações recentes, tanto da China quanto da Rússia, que adotaram restrições às moedas virtuais.
O presidente russo Vladimir Putin mencionou que muitas pessoas poderiam usar bitcoins para mascarar atividades ilegais, como lavagem de dinheiro. O Banco Central da Rússia tinha sido um dos primeiros a avaliar a possibilidade de regulamentar esse tipo de mercado.
Já na China, todas as empresas foram proibidas de realizar operações com moedas virtuais. O pano de fundo da decisão foi o temor com que a bitcoin poderia ser uma ferramenta facilitadora da saída de dinheiro do país, que nos últimos anos tem promovido a desvalorização do yuan.
Críticas ao modelo também foram feitas pelo presidente da JP Morgan, Jamie Dixon, e pelo presidente da Mastercard, Ajay Banga.
Em artigo recente, o ex-economista-chefe do FMI, Kenneth Rogoff, fez um alerta. “A longa história da moeda nos mostra que as inovações apresentadas pelas empresas, acabam sendo regulamentadas pelo estado, que se apropria delas. Não tenho ideia de onde estará o preço da bitcoin nos próximos dois anos, mas não há motivos para esperar que uma moeda virtual evite um destino semelhante”.
No Brasil, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou recentemente que se preocupa com a possibilidade das diversas moedas digitais se tornarem uma bolha.
Mesmo assim, algumas companhias têm aceitado bitcoins como forma de pagamento. Uma delas é a Tecnisa, que inclusive oferece bônus de 5% no pagamento da primeira parcela de um financiamento contratado.
Perspectivas
O leitor deve estar se perguntando: o bitcoin é uma opção para proteger meu patrimônio? A resposta é complexa. O investimento em moedas virtuais exige atenção diária aos movimentos do mercado e disposição para correr riscos.
Algumas corretoras já olham com afinco para esse mercado e poderão oferecer carteiras baseadas neste tipo de instrumento nos próximos meses.
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