O crescimento de 1% no PIB brasileiro em 2017 confirmou uma recuperação lenta, mas constante da economia do País. No entanto é importante analisar quais as razões dessa expansão e o quanto isso terá impacto nas projeções futuras.
A primeira marca da atual economia brasileira é a perspectiva positiva de alguns números econômicos. O Boletim Focus, do Banco Central, mais recente mostrou que as projeções de crescimento do Brasil em 2018 chega a 2,9%, praticamente o triplo do observado no ano passado.
O otimismo pode ter diversas origens. Uma das principais é o bom momento que vive o agronegócio, que teve expansão de 13% e praticamente garantiu sozinho o aumento do PIB nacional.
O resultado da agropecuária foi puxado pelo recorde das safras de milho, com crescimento de 55,2% no ano, e de soja, com aumento de 19,4% na produção em 2017, na comparação com 2016. O Brasil colheu 238 milhões de toneladas no ciclo 2016/17. A média de crescimento da agropecuária nos últimos 22 anos é de 3,8%.
Em artigo recente, publicado no Jornal da USP, o professor Marcos Fava Neves, destacou outros números do setor para 2018. Segundo ele, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) estima que o PIB do agronegócio (considerando as cadeias todas) deve aumentar cerca de 0,5% a 1% em 2018. Recortando apenas a agropecuária, o PIB deve aumentar 5% em 2018, contra os 11% deste ano.
“O Valor Bruto da Produção (VBP) deve aumentar 7,1% chegando a R$ 559,6 bilhões, sendo 6% de aumento no setor agrícola e 9% na pecuária. Ou seja, se o clima não atrapalhar, o agro gera quase R$ 560 bilhões em renda a ser gasta nos nossos municípios”, destacou o especialista.
Em outro trecho, Neves relatou que no setor de carnes, “o consumo interno se recupera, as exportações seguem firmes, apesar das preocupações com a Rússia, a oferta brasileira aumenta e as rações continuam com preços competitivos aos produtores devido à ampla oferta de grãos”.
Bovinos devem bater o recorde de produção podendo chegar a 9,9 milhões de toneladas e exportações podem passam de 1,8 milhão de toneladas, com arroba ao redor de R$ 140.
No frango é esperado recorde de produção (mais de 13 milhões de toneladas) e de exportações (mais de 4 milhões de toneladas) com preços ao redor de R$ 2,5 a 3/kg (vivo).
“Já nos suínos a preocupação é um pouco maior devido à Rússia representar mais de 40% das compras, mas a produção vem também forte, com mais de 3,8 milhões de toneladas e exportações passando de 900 mil toneladas, também batendo recordes. Preços ao produtor por volta de R$ 3,5 a 4/kg (vivo)”, finalizou o professor.
Outro dado positivo apresentado pelos analistas do mercado se deu em relação à balança comercial. A estimativa de superávit comercial este ano subiu para US$ 54,5 bilhões. Para 2019, a estimativa de superávit seguiu em US$ 45 bilhões, mesmo valor apontado no começo do ano.
Na estimativa mais recente do BC, atualizada na Nota do Setor Externo divulgada em dezembro de 2017, o saldo positivo de 2018 ficará em US$ 59 bilhões.
PIB revelou em 2017 queda na participação da indústria
A composição do PIB brasileiro de 2017, por outro lado, revelou que a participação da indústria na expansão do País caiu ao menor nível desde anos 1950, caindo para 11,8%. Nos anos 1980, esse percentual chegou a superar a casa dos 20%.
Segundo estudo da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a queda estrutural da participação da indústria na economia ocorreu mais rapidamente no país do que no resto do mundo. Entre 1975 e 1992, o peso do setor no PIB mundial diminuiu 25%, enquanto, no Brasil, recuou 38%.
O que quero demonstrar com esses dados é que a economia brasileira, apresenta hoje, sinais de que pode seguir em seu processo de recuperação. Mas as condições para isso ainda são frágeis, principalmente pelo fato de termos uma eleição que promete ser das mais acirradas.
Sendo assim, ainda sugiro cautela ao analisar possibilidades de investimento neste ano. Se você deseja entender melhor o que fazer no exterior, entre em contato comigo.
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